Design Thinking e a Solução de Problemas

O homem sempre buscou aperfeiçoar suas habilidades de solucionar problemas e tomar decisões. Se no início era uma questão de sobrevivência, com o passar do tempo se transformou em uma questão de desenvolvimento.

Claro que a inteligência possui um papel chave nesse processo, contudo, a identificação de uma metodologia que aumente as chances de sucesso na solução de problemas e melhore a qualidade da tomada de decisão, passou a ser um objetivo almejado por todos.

Não é fácil determinar uma data precisa da criação de abordagens sistemáticas de Análise de Problemas e Tomada de Decisão – APTD. Essas abordagens vêm evoluindo ao longo do tempo influenciadas por diferentes áreas do conhecimento tais como filosofia, administração, matemática, estatística, psicologia entre outras.

Design Thinking e a Solução de Problemas

Talvez um dos primeiros métodos de análise de problemas e tomada de decisão foi o método socrático, desenvolvido por Sócrates na Grécia Antiga. Ele envolvia a formulação de perguntas para esclarecer o pensamento e chegar a uma conclusão.

O método científico, que se desenvolveu a partir do século XVI, envolvia a formulação de hipóteses, coleta de dados e testes experimentais para verificar a validade das hipóteses.

A teoria da probabilidade, que foi desenvolvida no século XVII usada para medir a incerteza em eventos futuros trouxe contribuições importantes para os métodos estatísticos.

Na década de 50, Kepner e Tregoe desenvolveram uma abordagem estruturada, para identificar e solucionar problemas em ambientes de negócios e gerenciamento de projetos.

Originalmente desenvolvida para uso no setor de Defesa dos EUA, ela se espalhou por toda a indústria. A detecção analítica de falhas surgiu como uma metodologia sólida para apoiar o setor de manufatura na busca da causa raiz de desvios ocorridos em equipamentos e processos.

Nos anos 60, a Toyota no Japão implementou uma metodologia com os seguintes passos; a identificação do problema, coleta de dados, análise de causas, desenvolvimento de soluções, implementação de ações corretivas e monitoramento dos resultados.

A partir da década de 1970, a Metodologia de Análise e Solução de Problemas (MASP) da Toyota se tornou popular em todo o mundo, especialmente na indústria automotiva, onde foi adotada por várias empresas japonesas e ocidentais.

Nas últimas décadas, a APTD vem se desenvolvendo no mundo corporativo como parte de um esforço contínuo de busca de eficiência. Independentemente das diferenças entre abordagens, elas possuem em comum o uso de dois tipos de pensamento: o divergente e o convergente. Aprimore suas habilidades em nosso curso de Solução de Problemas.

Os dois tipos de pensamento

Pensamento divergente é desestruturado, até mesmo caótico e tem como principal objetivo nos levar em várias direções. Ele explora diferentes opções e tem como pilar, o uso da criatividade. Quando levantamos diferentes alternativas em uma decisão, é o pensamento divergente que está em ação.

Já o pensamento convergente é racional e, portanto, analítico por natureza. Ele busca concentrar ideias em um só ponto. Dessa forma, ele é seletivo pois busca a definição de um foco de atuação. Por exemplo, quando existem diferentes alternativas e selecionamos uma delas, estamos usando o pensamento convergente.

O Design Thinking

O design como área do conhecimento surgiu durante a Revolução Industrial, inicialmente para aumentar a eficiência das etapas de produção. Com o passar do tempo, passou a se preocupar com a integração entre forma e função.

O termo Design Thinking – DT, surgiu no final da década de 60, reagrupando de forma criativa ideias, métodos e ferramentas que já existiam. Envolve a organização de um conjunto de etapas, como um plano, na busca de uma solução.

Contudo, essa forma planejada para alcançar um resultado, não é linear, como nas abordagens anteriores de APTD que possuíam sequências mais rígidas de trabalho.

Ao contrário, o DT é iterativo e expansivo, ou seja, é possível retornar às fases iniciais a qualquer momento para correção de “rota”. O problema inicial é apenas um ponto de partida, não é necessariamente o problema que precisa ser resolvido.

Outro aspecto característico é a premissa que todo problema é centrado no individuo. Portanto, entender o problema na perspectiva desse individuo é o verdadeiro ponto de partida.

Em um contexto volátil e cambiante, é necessário abordagens que sejam flexíveis e adaptativas. E é justamente por isso, que o Design Thinking vem sendo cada vez mais utilizado como instrumento de Solução de Problemas, se adequando perfeitamente as características do mindset ágil. Conheça aqui os 4 pilares desse manifesto.

Os 3 Princípios do Design Thinking

1-Empatia

Estimula sair do nosso lugar e ir até o usuário. A empatia nos ajuda a entender o problema sob diferentes perspectivas. Ela gera insights que serão fundamentais na definição do problema.

2- Colaboração

Não está relacionada apenas com o trabalho em equipe, mas também em envolver diretamente o usuário nas reflexões. A diversidade e multidisciplinariedade enriquece a discussão, aumentando as chances de criatividade.

3- Experimentação

Errar cedo para aprender logo. A forma iterativa permite o processo progredir por meio de ajustes sucessivos. Validar hipóteses o mais cedo possível acelera o ciclo de aprendizagem.

Design Thinking e a Solução de Problemas – O Modelo Duplo Diamante

Foi criado em 2004 pelo Design Council, organização britânica dedicada a promover o design e a inovação com uma abordagem mais centrada no usuário. Consiste em quatro etapas que são organizadas em dois diamantes (losangos).

O Primeiro Diamante – O Problema

Etapa 1

O ponto de partida é o problema inicial. É fundamental compreender o contexto para ampliar o entendimento da situação como um todo. Para isso, usamos o pensamento divergente por meio de perguntas abertas que nos ajudam a coletar o máximo de informações.

Nesta etapa, questionamentos e reflexões constantes são fundamentais para entender o problema em profundidade.

É momento de exercitar a empatia, conversar e observar. Habilidades de comunicação serão chaves, principalmente a escuta ativa. Investigação e pesquisa permitem um mergulho profundo no problema. A etapa 1 é a fase da descoberta.

Etapa 2

Ela usa o pensamento convergente e resulta na definição do problema. Informações levantadas na etapa anterior são investigadas e analisadas. O problema é descrito de forma clara e objetiva. O foco do trabalho é estabelecido a partir do reenquadramento da questão inicial.

Evita-se assim cometer um erro muito frequente, oferecer a solução perfeita para o problema equivocado!

O Segundo Diamante – A Solução

Etapa 3

Nova etapa de divergência que usa como ponto de partida o problema redefinido. Em sua essência é a busca por soluções e, portanto, essa etapa é conhecida como Ideação.

Ideias são desenvolvidas de forma criativa para resolver o problema. Neste momento é indispensável a participação de todos.  Os envolvidos devem ser ousados na forma de pensar, com poucas restrições.

O objetivo é gerar muitas ideias, típico do brainstorming e selecionar as melhores para poder avançar. Para que isso ocorra, é fundamental que todos se sintam em um ambiente seguro para expor suas ideias sem serem criticados.

Esta é a etapa em que se deve buscar técnicas e ferramentas de criatividade que ajudam a gerar novas ideias e explorar diferentes opções.

Etapa 4

Última etapa de convergência do modelo Duplo Diamante. Envolve refinar o protótipo selecionado, testá-lo em um ambiente real e implementá-lo de maneira eficaz.

À medida que o processo progride, ideia e hipóteses devem ser validadas. Protótipos são versões não acabadas de uma solução para o usuário e podem ser funcionais ou não funcionais. Testes da solução com o usuário é o momento que se pretende aprender e poder melhorar a solução.

O Duplo Diamante

Design Thinking e a Solução de Problemas

Conclusão

O Design Thinking é uma abordagem de Solução de Problemas. O modelo duplo diamante é um processo iterativo, o que significa que as etapas podem ser repetidas várias vezes para refinar e melhorar a análise e a solução.

Ao colocar o usuário no centro do processo, e abordar a busca de soluções de uma forma estruturada, mas ao mesmo tempo criativa e flexível, o Design Thinking faz com que as soluções finais sejam mais propensas a atender às necessidades reais. Consequentemente, o resultado é um aumento de satisfação de todos os envolvidos.

O objetivo final é oferecer uma solução que satisfaça as necessidades do cliente e consequentemente gere valor.

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